CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO CLÍNICA-2018

Objetivo:

Gerar novos conhecimentos no trabalho com famílias, a partir dos fundamentos teóricos e práticos das teorias sistêmicas, tais como, Teoria Geral dos Sistemas, Teoria da Cibernética, Teoria da Comunicação e Teoria da Mudança.

Preparar profissionais e estudantes para que construam recursos e ferramentas eficazes a serem aplicados no tratamento terapêutico com as famílias.

Público Alvo:

Profissionais e estudantes interessados no trabalho com Famílias , nos diversos contextos relacionais, Clínicas, Escolas, Comunidades e Instituições públicas, privadas e religiosas.

Metodologia:

Aulas expositivas, atividades complementares, Exercícios vivenciais, Atendimentos clínicos das famílias ao vivo, Supervisão Clínica, Vídeos de atendimentos clínicos de famílias e Vídeos científicos.

CURSO RECONHECIDO PELA APTF E ABRATEF

Conteúdo Programático:

1o. Semestre

– Epistemologia Sistêmica: Teoria Geral dos Sistemas, Teoria da Cibernética, Teoria da Comunicação e da Mudança;
– Fundamentos do Pensamento sistêmico;
– A família como um modelo cibernético;
– Supervisão de Casos: Supervisionará os atendimentos nos seguintes contextos (escola, consultório, instituições públicas e privadas).

2o. Semestre

– Epistemologia Sistêmica II;
– História da Família e Terapia Familiar: escolas e correntes;
– Terapia Familiar Sistêmica Breve;
– Método Sistêmico/Vincular e Padrões emocionais repetitivos (adaptativo, reativo e criativo);
– Exercício vivencial (trabalhando a pessoa do aluno);
– Supervisão de Casos;
– Supervisão ao vivo.

3o. Semestre

– Terapia Familiar: escolas e correntes;
– Escala de indiferenciação da “massa do ego familiar”;
– Terapia Familiar Sistêmica Breve;
– Terapia Sistêmico Individual;
– Ciclo vital e Genograma familiar;
– Ciclo vital e Linha Tempo Familiar;
– Seminários Temáticos (dependência química, violência familiar, gerontologia social, doenças ocupacionais, terapia comunitária);
– Exercício vivencial (trabalhando família de Origem do aluno);
– Supervisão de Casos.

4o. Semestre

– Terapia Família: escolas e correntes;
– Terapia Sistêmico Individual;
– Metodologia Científica e orientação a monografia;
– Leitura Institucional com abordagem sistêmica;
– Exercício vivencial;
– Supervisão de Caso;
– Supervisão ao vivo;
– Genograma do Aluno.

Resultado:

Profissionais e estudantes com novos conhecimentos sobre famílias , capazes de identificar, compreender e tratar Famílias em crises, a partir da Abordagem Sistêmica Breve.

Diferenciais:

Uma maior integração dos conteúdos teóricos e práticos por meio de atendimento clínico ao vivo, exercícios vivenciais sobre o profissional e sua família de origem.

Corpo do docente altamente especializado com vasta experiência no atendimento de Famílias.

A metodologia sistêmica/cibernética como uma ferramenta criativa e eficaz no tratamento das Famílias.

Data: 20/Janeiro/2018 – MATRÍCULAS ABERTAS
Horário: 8h30 às 17h30 (mensais)
Local: Rua Loefgren nº 528 – Vila Clementino – Próximo do Metrô Santa Cruz – SP/SP 
Carga Horária: 570 horas
Duração: 24 meses

Investimento e formas de pagamento:
Entre em contato conosco para saber das Formas de Pagamento e Valores: PREÇOS PROMOCIONAIS
Para realizar a inscrição enviar ficha preenchida (solicitar por email ou telefone) e comprovante do depósito da matricula para secretaria@vinculovida.com.br

Dados para depósito:
Banco: Caixa econômica Federal de São Paulo – Agência 3211 – CC: 003 00000751-0

Para: Familiacomvida Escola de Curso Livres, Aperfeiçoamento e extensão Ltda – EPP

O carpinteiro que usava o martelo como bússola

A profissão de carpintaria é uma das mais antigas, desde os primórdios da humanidade, quando o homem criava ferramentas para sobreviver a adversidades que o meio ambiente lhe impunha.

Com elas, caçava, pescava, defendia seu povo e, também, construía sua moradia.

Uma dessas ferramentas é hoje o tão conhecido martelo, utilizado pelo carpinteiro para pregar partes de uma madeira na outra.

No entanto, o nosso carpinteiro em questão depositava tanta fé no martelo que, por onde passava, dava pancadinhas nos vários objetos à sua volta. Ou seja, para ele, dono de um martelo, tudo parecia prego.

O carpinteiro, tão apegado ao seu martelo a ponto de enxergar prego onde este não existia, se assemelha a um grupo comum de pessoas que mantêm crenças dogmáticas baseadas em determinadas pressuposições e convicções do “senso popular”, acabando por distorcer os fatos e os acontecimentos experimentados ao longo da vida.

Não é raro, algumas pessoas receitarem medicamentos ou aconselharem amigos ou parentes sobre determinadas enfermidades, algumas graves, fundamentadas somente na fé de que aquele medicamento ou procedimento, em outras situações, serviu para elas ou para algum conhecido próximo.

Recomendar um procedimento ou uma atitude para salvar relacionamentos interpessoais, crises conjugais, familiares ou intervir em alguma questão relacionada a doenças físicas ou mentais, com base apenas na fé e no pensamento positivo, é ter uma visão atrofiada sobre a realidade, é estar acometido pela hipermetropia, que impede de enxergar melhor as coisas.

Em outras palavras, cuidado!

Crenças rígidas diante dos fatos e acontecimentos da vida tendem a tornar esses indivíduos semelhantes ao carpinteiro de nossa história.

Atitudes assim podem levar à distorção das relações com as pessoas que amamos.

Lembre-se! Um martelo na mão e uma crença arraigada transformam-se em uma bússola para seres humanos inflexíveis.

A pessoa imaginar que a sua percepção de vida é a única que tem validade diante da imensa complexidade que envolve as dores, sofrimentos, prazeres e os momentos felizes inerentes à condição humana, é o mesmo que acreditar que o martelo é a única ferramenta capaz de rebater qualquer objeto. Por isso, não devemos fazer da vida dos outros os nossos pregos.

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e de famílias

Aprendendo com seus erros e fracassos

“O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão.”
John Fitzgerald Kennedy

Reconhecer e absorver os erros e fracassos como fonte de aprendizagem, em uma cultura que privilegia sempre os vencedores, pode parecer exagerado esperar que as pessoas possam refletir sobre os grandes ensinamentos contidos nos insucessos.

Como profissional das relações familiares e conjugais tenho observado dois fatores que me chamam a atenção:

O primeiro:

Os sofrimentos psíquicos e emocionais levam as pessoas a resistem a aprenderem com seus erros, vividos nos seus diversos processos relacionais; e por isso constroem uma “couraça emocional” ou “insensibilidade emocional” como forma de evitar novos sofrimentos, nos futuros vínculos afetivos.

O segundo:

Se relaciona com o fato de um grupo de pessoas que passaram por experiências emocionais negativas, tais como: rejeição, desqualificação, abusos emocionais, agressões físicas e/ou verbais, ao longo da vida, tendem a desenvolverem uma “racionalização patológica“, que as levam para um outro extremo, ao ponto, de recusarem a se entregarem a novas experiências amorosas.

Existe um ditado utilizado pelos especialistas das relações humanas que diz “gato escaldado tem medo de água fria“, está certo mas isto serve para o gato e não para ser humano que deveria aprender com os erros e fracassos, criando assim processos de “imunidade evolutiva.”

Em outras palavras, enquanto nosso organismo não adquirir a capacidade de reconhecer o que nos causa dor, desprazer ou desconforto, não nos resta outra opção a não ser criar alquimias mentais nas expectativas de continuarmos com as nossas auto sabotagens e autoenganos.

Costumo dizer que se você imagina, que “O inferno, são os outros” frase de Sartre que assumimos como um atestado de pessimismo quanto ao sucesso das relações humanas, lamento lhe informar que é com esses “outros” que você vai adquirir sua “imunidade evolutiva“.

Eu recomendo que você aproveite e faça uso da referência citada no início do texto, pelo ex-presidente americano e adote os seus erros e fracassos, aprendendo com eles, pois eles serão os melhores colaboradores que você poderá encontrar para o seu sucesso no futuro.

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e famílias

Efeitos dominó e bumerangue e os atos irresponsáveis

Os profissionais de saúde e educação, ao discorrerem sobre temas tão complexos e amplos, correm o risco de deixar que seus preconceitos e julgamentos pessoais interfiram em assuntos como os que expomos neste texto. No entanto, parece não existir outra alternativa: ou nos tornamos ousados ou somos omissos.

De modo geral, esses profissionais tentam identificar e investigar como as dinâmicas pessoais, interpessoais, conjugais e familiares podem ser cofatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças de pessoas de uma família e o baixo rendimento escolar de crianças e adolescentes.

Os diferentes atos irresponsáveis entre membros da família, do casal, entre namorados, noivos, e até amigos, tendem a desencadear um efeito dominó sobre as gerações futuras e nas suas relações sociais e afetivas.

Nos namoros, noivados e na relação com os amigos, de um modo geral, o efeito dominó se manifesta por meio de mágoas que geralmente se estendem por determinado tempo. Porém, quando não tratadas, podem desencadear sentimentos de rejeições, frustrações e, até mesmo, contribuir para uma baixa autoestima.

Por exemplo, o ato de esconder um segredo, ou mentir para a pessoa com a qual se pretende conviver, pode trazer consequências graves no futuro, inclusive prejudicando os filhos.

Agora deixemos de lado as relações interpessoais e vamos pensar nas relações como um todo.

Por exemplo, o mundo mudou nas áreas da economia, cultura, política e social e, porque não dizer, no que diz respeito à espiritualidade.

Convenhamos: será que as pessoas que tomam decisões irresponsáveis, repercutindo negativamente em uma dessas áreas da realidade humana, têm a dimensão do efeito dominó que seus atos desencadeiam no restante da população?

Imagino que não. Se soubessem, também teriam consciência de que esse efeito dominó pode se transformar no efeito bumerangue, ou seja, as consequências de atos irresponsáveis tendem a retornar, de alguma forma, àqueles que os praticam.

É por isso que considero atitudes irresponsáveis, praticadas pelas pessoas que cuidam da saúde e educação da população, um dos aspectos mais sérios, que talvez uma sociedade sensata e mais coerente deva considerar como crime contra a humanidade.

Um exemplo atual e prático sobre essa questão: a quem está sendo atribuída a responsabilidade pelo nascimento de crianças com microcefalia?

Indo além: e as crianças mal nutridas, que vão à escola se beneficiar da merenda porque precisam completar a aquisição de nutrientes ou ter garantia de pelo menos uma refeição durante o dia, mas que, na verdade, não vão se alimentar, porque algum gestor irresponsável resolveu extraviar a merenda?

Como dizia o filósofo Sartre: “eu sou responsável pelos atos que pratico, e por todas suas consequências que recaem sobre a humanidade”.

O triste é saber que muitos pais, maridos, esposas, namorados, noivas, amigos e os gestores da vida pública não gostam nem praticam esta filosofia.

Talvez, o que eles desconheçam, é que o efeito dominó das suas irresponsabilidades no presente vai se transformar, no futuro, em efeito bumerangue e poderá afetar seus filhos ou descendentes, nas próximas gerações.

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e famílias

A realidade fantasiosa

“Meu mundo desabou! ”. “A vida não tem mais sentido! ”. “Nada mais será como antigamente! ”…

Essas frases, ditas comumente, chamam atenção não só pelo desânimo, denotando a perda da esperança em um futuro melhor, mas, também, pela tristeza que carregam e que envolvem a pessoa que está vivenciando um momento no qual a vida parece perder seu significado.

Tais expressões são motivos de estudos e pesquisas para entender os motivos que levam indivíduos a chegar a esse nível de pessimismo. Por que, diante de obstáculos, elas se entregam à tristeza e frustração, sem vislumbrar o futuro?

Em 1994, o professor doutor Paul Watzlawick organizou um livro contendo vários artigos. Em “A realidade inventada” talvez estejam algumas respostas sobre o porquê do desencanto das pessoas diante daquilo que elas mesmas traçaram para suas histórias pessoais. Uma delas é que, ao construímos nossa realidade, passamos pela nossa história.

Por isso, o objetivo deste artigo é contribuir para que você, leitor, possa identificar e elucidar como constrói a sua realidade, a partir dos lastros históricos

Um exemplo é a morte de um dos membros da família. Essa perda tende a desencadear dor insuportável em todos, porém, para a (o) esposa ou (o) ou filho (a), o fato toma uma dimensão bem mais ampla, como se a vida perdesse o sentido. Na tentativa de suportar tamanho sofrimento, o psiquismo sugere como alternativa fugir para um mundo de fantasias, na tentativa de amenizar, aliviar e até esquecer a dor insuportável.

É bem possível que, com o passar do tempo, essa forma de enfrentar os sofrimentos psíquicos ou emocionais, gerados pela perda, não se sustente na convivência familiar quando surgir outra ameaça de morte de um ente querido. Isso significa que aquele luto não elaborado no passado tende a retornar, desconstruindo a fantasia criada para suprir a outra perda. Nesse momento, é bem possível que a (o) esposa (o) ou filha (o) tenha de reconstruir sua realidade inventada diante da morte.

Se em cada fase de transição do ciclo de nossas vidas estamos em diferentes processos de interação com o meio, promovendo transformações e sendo transformados, criar uma realidade paralela, para fugir de eventos previsíveis ou imprevisíveis, é se auto sabotar. Isso significa que, para a pessoa, esse mundo criado não caiu, nem desabou, mas foi construído em cima de uma base fantasiosa.

Muitas vezes a dor emocional nos faz usar uma racionalidade quase que patológica para fugir das emoções doloridas, não elaboradas. Nesse momento, o perigo se instala, porque é quase certo que, em alguma hora, o fator emocional precisará emergir, como um vulcão há anos inativo. De repente, ele entra em erupção e destrói tudo o que encontra pelo caminho.

Você conhece aquela música do Chico Buarque, “Bom Conselho”? Ela diz, em uma de suas estrofes:

Ouça um bom conselho, que lhe dou de graças: inútil dormir que a dor não passa”.

Parafraseando-a: “Ouça um bom conselho, que lhe dou de graça: inútil fugir que a dor não passa”…

As dores emocionais, a que todos nós estamos sujeitos, quando não resolvidas, retornam por meio de padrões emocionais repetitivos.

Viver a realidade dura e crua, seja ela qual for, nos coloca diante de nossas vulnerabilidades e fragilidades emocionais. No entanto, se elas forem trabalhadas, não nos enlouquecerão. Mas, se nossa opção for pela fuga, a fantasia irá nos entorpecer, o que nos levará à sensação de sermos “impostores” de nossas vidas.  A fantasia se transforma em couraças e armaduras de defesa que acabam por engessar o modo de viver, para evitar o contato com os sentimentos, na expectativa de não sofrer.

Tenham em mente que as realidades são construídas a partir de nossas percepções sobre os valores éticos, morais, culturais, políticos e espirituais. Neles temos de nos basear para nos reerguer diante da dor, sem fugir dela.   Como cantava a incrível Maysa, “Meu mundo caiu”… Se este é o seu caso, aprenda a se levantar para não se perder mais.

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e de famílias

O Trem Fantasma

Conversava com algumas amigas, que relatavam os processos repetitivos que todos nós vivemos ao longo da vida, através de nossas escolhas amorosas, das amizades, das parcerias de profissão etc. Esses processos podem ser vivenciados nos conflitos conjugais, com os filhos e principalmente com nossos pais, dentro do nosso lar.

Groisman (2000) cita os fantasmas familiares que vivem sendo representados transgeracionalmente em nosso convívio familiar, e que aparecem através dos rituais, mitos, crenças etc. Eu defino esses processos repetitivos vividos por todos nós, a partir da metáfora do “trem fantasma”, onde ao nascermos embarcamos em um dos seus vagões, repletos de personagens fantasmas que representam as várias gerações.

O bebê não tem escolha, queira ou não terá que conviver com esses personagens fantasmagóricos para o resto da vida. Porque fantasmas? O recém-nascido nem bem chegou ao mundo e fazem festas barulhentas, soltam fogos, fumam charutos, tomam porre, o que acham que um bebê entende disso, parece mais um baile de carnaval.

Na convivência do nosso vagão familiar, cheio de fantasmas, cabe a nós identificá-los tentando conviver, da melhor maneira possível, com eles. Lembre-se: não tem como matar fantasma, ele já está morto.

Ilustrarei com dois exemplos.

Um casamento é desfeito após  20 anos de desastrosas convivências  dos cônjuges com suas histórias familiares, repletas de fantasmas das mais variadas espécies, onde o marido sai de casa, pois a esposa alega maus tratos, desqualificação e desafeto. Ela imagina que seu inferno particular acabou, e escolhe um novo parceiro, passam seis meses, e ela vê as semelhanças entre  ex-marido e o novo companheiro, o fantasma sofreu uma metamorfose.

Como é possível? Porque isso acontece?

Temos uma matriz familiar e, a partir dela, fazemos nossas escolhas, essa matriz sofre pequenas variações em grau e intensidade, ao longo da nossa existência, e vai se  transformando ao longo de nossa vida.

Outro exemplo: uma mulher se separa após 15 anos de casamento, pois o marido era controlador, ciumento e agressivo. Quando o marido sai de casa, ela tem a ilusão que seus problemas acabaram, mero engano. Quando o diabo (fantasma) vai embora, ele nomeia seus representantes, agora começa sua peregrinação. Ela tinha um fantasma para cuidar, agora ela tem vários, os filhos, os pais,  os irmãos para controlá-la e ter ciúmes e dizer o que ela deve fazer, pois na opinião deles, ela não está preparada para enfrentar o  mundo aqui fora, e os amigos perversos sempre dão conselhos  (de bons conselheiros o inferno, está cheio), dizem que agora você vai ver o que é a vida de mulher separada; haja fantasma ou não!

Uma vez embarcado no “trem fantasma” não tem como exorcizar esses fantasmas, pois os mesmos quando aparecem no mundo externo  são na verdade representações do aparelho psíquico familiar, ou seja, nosso mundo interno. Para nos livrarmos dos mesmos, teríamos  que aniquilar nosso aparelho psíquico, com isso também viraríamos fantasmas, tal qual a história da lenda do fantasma “mula sem cabeça”, lembra!

Afinal parece que os fantasmas estão em todos os lugares, no amor, no trabalho, na faculdade e principalmente nas relações familiares.

O “trem fantasma” vai continuar a viagem com uma grande festa à fantasia, é claro. Você vai à festa ou você prefere saltar?

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e de famílias

Doenças psicossomáticas

Quando pensamos na relação conjugal, a partir do paradigma sistêmico, sempre levamos em consideração que a formação do casal nunca é composta por dois elementos e, sim, três, ou seja, a individualidade de cada cônjuge mais a relação que os dois estabelecem.

Essa é uma afirmação de difícil compreensão para os casais que chegam ao consultório, procurando ajuda. A maioria já traz a solução, principalmente quando a questão refere-se ao adultério, em que as sentenças estão definidas pelo casal ou por um dos cônjuges, ou seja, o culpado é sempre o autor ou a autora da traição e a vítima é o (a) parceiro (a).

Esta é uma forma simplista de ver a vida, com base em um pensamento linear, que busca identificar um nexo-causal, comumente relacionando à questão da causa e efeito, como se a convivência a dois pudesse ser considerada algo de fácil acesso.

Não tenho a pretensão de fazer aqui a apologia sobre atos irresponsáveis na vida a dois, sejam eles adultério, consumismo ou posturas narcisistas de determinados homens ou mulheres que se imaginam deuses ou deusas.

Pretendo, como conhecedor da área de casais e famílias, colaborar à ampliação da percepção de certos fenômenos que envolvem os cônjuges que, muitas vezes, nem se dão conta porque estão focados em interpretar fatos de uma forma reducionista.

O conceito que ora divido com você, leitor, é referendado pela ciência biológica que, por sua vez, o emprestou para a ciência social. Como tal, subsidia os estudos de relações familiares, isso é, o cotidiano de casais e famílias. Por exemplo, na combinação química de dois elementos é possível o surgimento de um terceiro, totalmente diferente, fenômeno denominado propriedade emergente.

Tomemos como base a composição da água: oxigênio (O) + 2 átomos de hidrogênio (H) = H2O.

O oxigênio e o hidrogênio são gases, mas, na combinação química de ambos, o resultado é um líquido.

De modo similar é a composição de um casal, formado por personalidades diferentes que, quando em interação, faz emergir uma mente grupal totalmente diferente àquela atribuída a cada um, na sua individualidade. Daí as incertezas da relação conjugal, uma vez que o produto no momento da combinação não pode ser predito.

Considerando a complexidade sistêmica da relação conjugal, que passa por várias crises, não podemos deixar de considerar a história familiar e pessoal de cada parceiro, vivida em suas respectivas famílias de origens. Por isso que muitos dizem: “Não me casei com aquele homem ou aquela mulher e, sim, com a sua família”. Ou seja, a família de origem tem muita influência na vida do casal.

As crises conjugais fazem parte do processo evolutivo de cada cônjuge que, se trabalhadas, podem trazer um novo significado, culminando com o amadurecimento emocional de ambos. Nesse processo, há, portanto, espaço para o crescimento do casal, visto que ele representa uma escolha privilegiada de intercâmbio relacional.

Os momentos críticos da vida a dois podem ser gerados por diversos impasses, dentre eles a falta de diálogo e reflexão sobre a convivência do casal, certas dificuldades no âmbito sexual, conflitos de opinião ou de interesse, além de diferenças culturais. Dessa maneira, o sistema conjugal depara-se com a falta de alternativas para sair do impasse e, como consequência, doenças psicossomáticas podem ser desencadeadas: úlcera, alergia, hipertensão arterial, obesidade decorrente de ansiedade, anorexia nervosa, bulimia, dependência química e fobias.

Da mesma forma, o nível de liberdade nas escolhas é diretamente proporcional ao nível de consciência alcançada por cada parceiro da relação, no momento do casamento, que, por conseguinte, sofre influência direta da fase de transição de cada cônjuge experimentada em sua família de origem, ao realizar mais essa etapa do ciclo familiar vital.

Os fatores desencadeantes das crises conjugais, como adultério, crise financeira interferente na relação, dependência química e jogos de azar, surgem, na maioria das vezes, como um sinalizador da existência de conflitos subjacentes ainda não resolvidos. A fim de solucioná-los, requer-se o auxílio de um profissional especializado em terapia familiar e de casal.

Aprendemos a ampliar a nossa percepção de mundo ao mesmo tempo em que entendemos melhor as nossas relações familiares e conjugais. Isso não significa isentar cada um de sua responsabilidade, mas, sim, ter consciência de que o outro faz parte do nosso processo evolutivo interrelacional. Esse olhar, por sua vez, torna as relações conjugais mais humanas e solidárias, uma vez que não se tem como negar a responsabilidade dos 50% de cada um no processo de escolha do(a) parceiro(a).

Sebastião Souza
Psicoterapeuta de casais e de famílias

Um filme sem vilão não tem razão de ser

De modo geral, pessoas de temperamento mutável, inquietas, inconstantes e imprevisíveis incomodam bastante e são pouco aceitas pelos pares ou grupos.

Temos o hábito de estereotipar e imaginar padrões e regularidades comportamentais para aqueles que convivem conosco. Quem deseja ser aceito e acolhido pelos seus tenta corresponder aos estereótipos, caso contrário será visto como um elemento estranho ou estorvo.

Pensemos em uma criança que, desde cedo, não aceita as regras impostas pelos pais. Ou, ainda, a esposa que não sabe conviver com o grupo de amigos do marido, por abusarem do álcool ou terem o hábito de contar piadas machistas e preconceituosas. Essa criança e essa esposa, com o passar do tempo, poderão se tornar personas non gratas em determinados ambientes. Por quê? Porque é difícil ser “vilão” em terra onde todo mundo quer ser o “mocinho”.

Ensinaram – e aprendemos muito bem – que a vida, em si, tem uma regularidade, seja na família, no casamento, nas vidas pessoal e profissional. Mero engodo. Passamos a interagir com o mundo, sempre com a sensação de que algo está em desordem. Trabalhamos para atingir uma segurança futura e evitar episódios e acontecimentos que gerem inseguranças e imprevistos.

Sabe aquele ditado “mais vale um passarinho na mão do que dois voando”?  Assim é no trabalho. Algumas vezes, vivenciamos uma servidão voluntária, deixando de nos manifestar, para bancarmos o “politicamente correto”. Raras são as pessoas que internalizam que não dá para viver sempre como os “mocinhos” do filme.

Nas famílias, nos casamentos, na vida interpessoal e profissional, a tentativa de evitar conflitos, contornar a situações difíceis, não querer entrar em choque com ideias com as quais não concorda, são indicadores de autoestima baixa, falta de assertividade e um instinto de preservação pouco manifesto. O medo de enfrentar os conflitos, de correr riscos, para não ficar no papel do vilão, geralmente se manifesta em pessoas que, por viverem experiências traumáticas no passado, em suas famílias de origens (infância ou adolescência), em casamentos anteriores ou na vida pessoal – vivência de preconceitos, bullying –, ou até mesmo em situações de desemprego, usam esse mecanismo como forma de compensação.

Há um pensamento mágico nessa defesa: se eu ficar “bonzinho”, ninguém vai me bater; se eu conseguir crescer pessoalmente e profissionalmente, sem ficar “visível”, ninguém vai me maltratar.

Caso você faça parte desse time, que na hora de fazer um filme, sempre ou quase sempre quer ser o “mocinho”, tome cuidado. A vida prega peças. Ser “vilão”, algumas vezes, é uma fonte de aprendizagem e amadurecimento emocional.

Sugiro um exercício para você analisar se tem assumido mais o papel de mocinho, de vilão ou se está equilibrado e harmônico em seus processos interrelacionais. 
1- Faça uma lista com três itens que deixam você desconfortável quando tem que abrir mão do que pensa ou sente, para evitar conflitos. Um exemplo: quando uma pessoa do seu convívio tem comportamentos inadequados (fumar em casa ou falar muitos palavrões).
2- Identifique quando você aceita esses desconfortos, sem se impor, para não ficar no lugar do vilão.
3- Com base nesse diagnóstico, dê um título para o filme da sua vida, qual o papel que gostaria de representar, qual seria o enredo e personagens que desejaria envolver no enredo de sua vida.

Mocinho o vilão são duas facetas de uma mesma moeda. A troca de papéis é regulada pelo carinho e o amor daqueles que amamos. Boa sorte. Boa “filmagem”.

Sebastião Souza

Janelas de oportunidades são construídas, não abertas-Parte 2

Na primeira parte deste artigo, mostramos o conceito de janelas de oportunidades no nosso dia a dia. Para muitos, é algo em que se agarram para avançar com ousadia em diferentes áreas de suas vidas (da pessoal à profissional). Para outros, é uma forma de magia, que aparece do nada e, vez ou outra, é reconhecido como uma boa oportunidade. O resultado desse olhar de espectador passivo, na maioria das vezes, é prejudicial.

Com qual dessas categorias você se identifica?

Para chegar a uma conclusão mais precisa, vale à pena refletir sobre os cofatores que tendem a contribuir para que uma pessoa enxergue boas oportunidades na sua história de vida:

  • Fazer o que gosta não importa onde;
  • Melhorar a autoestima;
  • Confiar nos lastros históricos pessoais e profissionais;
  • Usar a racionalidade em equilíbrio com a intuição e sensibilidade;
  • Sentir-se competente no que faz e ter vontade de aprender sempre;
  • Compreender que os riscos, insucessos, fracassos fazem parte da vida;
  • Não ter medo de ousar arriscar, com planejamento e responsabilidade;
  • Analisar se e forma de se posicionar nas relações interpessoais, conjugais, familiares e profissionais são de um aprendiz em direção a possíveis oportunidades ou de um espectador, à espera que algo mágico aconteça.

Cabe a pergunta: como estão as janelas de oportunidades da sua vida nos âmbitos interpessoal, conjugal, familiar e profissional?
O nosso grau de amadurecimento emocional e as nossas crenças espirituais nos ajudam a compreender que as oportunidades aparecem à proporção que investimos em crescer como seres humanos e, especialmente, sinceramente dedicados às pessoas a nossa volta.

No caso de quem crê em Deus, como eu, digo sempre aos meus amigos que o que torna a vida um dom maior é a maneira como aproveitamos as oportunidades dadas pelo Criador.

Podemos usá-las como uma janela que abre ou deixar que fique fechada. O que fazemos com ela – se a construímos ou a desprezamos – é responsabilidade nossa.

Viver com amor, afeto, solidariedade, empatia em relação ao próximo é construir as melhores chances na vida.

Por isso, não custa realizar uma reflexão profunda a respeito. Uma sugestão é elaborar uma lista das oportunidades que você perdeu, em todas as áreas de sua vida, mas, principalmente, naquilo que diz respeito à qualidade do seu dia a dia. Liste ao lado de cada uma os impeditivos que não o fizeram ousar. Por que você não quis avançar? O que faltou para um próximo passo?

Lembre-se sempre de que as janelas geralmente se abrem de dentro para fora, ou seja, é preciso dar chance a suas competências internas e a seus lastros históricos para que atuem no seu cotidiano. Estas duas posturas talvez sejam os diferenciais de quem enxerga e aproveita as janelas de oportunidades. Boa sorte!

Sebastião Souza

Janelas de oportunidades são construídas, não abertas-Parte 1

O termo “Janelas de oportunidades” é muito usado no mundo do futebol como uma chance de os jogadores mudarem de time entre as temporadas. Todos nós temos nossas janelas de oportunidades.

Há aqueles que cultivam suas crenças e fé sobre uma vida após a morte, sendo acolhidos pelo Criador, vivenciando, em outra esfera, essas janelas. Outros, por medo de crescer, pela falta de ousadia, acham que as coisas caem do céu e seriam estas as tais janelas de oportunidades. Usam do pensamento mágico, de uma autossabotagem inconsciente, para não se desenvolver. Diante das dificuldades de crescimento pessoal ou profissional, por não terem consciência de sua baixa autoestima, culpam outras pessoas pelos seus fracassos, insucessos, impotências e inseguranças.  Não se dão conta de que as janelas, aparentemente abertas a todos, foram construídas ao longo das histórias de cada um.

Vivemos em um mundo de incertezas e imprevisibilidades, porém, a maioria das pessoas imagina existir um momento certo para que tudo aconteça, como se os meios para isso existissem fora delas.

Não se dão conta de que a oportunidade é construída pelo equilíbrio e coerência entre o mundo interno, ou seja, o grau de amadurecimento emocional, e o mundo externo (razão). A forma como os dois universos interagem pode ou não gerar uma parceria para o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais.

Quantas pessoas mudam suas vidas, saindo dos grandes centros urbanos, para morar em cidades menores e conquistar mais qualidade de vida junto aos amigos ou familiares? Outros passam a trabalhar no sistema home office, em busca de uma vida mais saudável, saindo do estresse dos congestionamentos de trânsito, da poluição e violência dos grandes centros. Muitas pessoas que fazem essas opções passaram por problemas de saúde e querem refazer a vida, criando novas janelas de oportunidades.

Na segunda parte deste artigo, confira quais são os cofatores que ajudam a enxergar e aproveitar as oportunidades que aparecem em nossas vidas para que possamos construir um cotidiano saudável, equilibrado e mais feliz. Não perca!

Um abraço a todos
Sebastião Souza